Audiência pública discute retirada de camelôs da Rua 44 e impacto no comércio local

by g360noticias

Foi realizada nesta segunda-feira (17) uma audiência pública para debater o futuro do Arranjo Produtivo Local da Rua 44, em Goiânia. O evento, coordenado pelo vereador Heyler Leão (PP), reuniu ambulantes, lojistas e representantes da Prefeitura para discutir a remoção dos camelôs da região, prevista para até 30 de março.

A principal medida proposta pela administração municipal é a realocação dos trabalhadores informais para galerias comerciais ou para a Feira Hippie, mediante o pagamento de um “aluguel social” subsidiado. A decisão, no entanto, enfrenta forte resistência dos ambulantes, que lotaram o plenário da Câmara Municipal para protestar contra a mudança.

Impactos econômicos e sociais
O vereador Heyler Leão defendeu a necessidade de um planejamento que não prejudique os trabalhadores informais. “Sabemos que a Rua 44 é um dos maiores polos econômicos de Goiânia, e a transferência dos comerciantes para as galerias pode gerar custos que eles não têm como arcar”, alertou.

Em contraponto, o Secretário Municipal da Eficiência, Fernando Peternella, justificou a medida com o objetivo de organizar o comércio e evitar a concorrência desleal enfrentada pelos lojistas. “A intenção do prefeito Sandro Mabel é transformar a Rua 44 em um polo nacional de comércio e turismo. Para isso, é necessário ordenar o espaço”, afirmou. Ele explicou que, para facilitar a transição, os ambulantes que aceitarem se transferir para as galerias pagarão apenas 30% do aluguel e do condomínio nos primeiros seis meses, com pagamento integral apenas após um ano e meio.

O Secretário Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias, José Neto Soares, reforçou que a Prefeitura busca um consenso. “Não haverá arbitrariedade”, garantiu, assegurando que o diálogo com a categoria continuará.

Posição dos trabalhadores
A presidente da Associação dos Camelôs, Ana Paula de Oliveira, defendeu a permanência dos ambulantes nas ruas, propondo um horário regulamentado para funcionamento após o fechamento das lojas. “Somos mais de três mil camelôs, e essa atividade é parte da nossa tradição. Pedimos que o horário seja definido a partir das 17h”, argumentou.

Lidiane Freitas, vice-presidente da entidade, destacou que a remoção dos ambulantes impactaria toda a cadeia produtiva do setor, atingindo costureiros, cortadeiros, lavadeiros e fornecedores de tecidos.

Debates entre vereadores
Diversos vereadores se manifestaram sobre a questão. Oseias Varão (PL) criticou a omissão do poder público nos últimos anos e defendeu que a transição ocorra sem perseguição ou apreensão de mercadorias. Edward (PT) sugeriu a extensão do prazo para remoção dos camelôs, visando ampliar o diálogo com a categoria.

Tão Peixoto (PSDB) propôs a criação de carteirinhas para regulamentar a atividade, limitando-a a ambulantes de Goiânia. Coronel Urzeda (PL) alertou para a necessidade de equilibrar os direitos dos lojistas e camelôs. Já Cabo Senna (PRD) denunciou a presença de agiotas ameaçando ambulantes e destacou que aqueles que trabalham honestamente não podem ser prejudicados por uma remoção abrupta.

Próximos passos
Ao final da audiência, Heyler Leão anunciou que um relatório será elaborado e encaminhado ao prefeito Sandro Mabel. Uma comissão de vereadores será formada nos próximos dias para acompanhar a situação e buscar uma solução viável para os trabalhadores informais da Rua 44.