Pesquisadoras criam estações descentralizadas de tratamento de esgoto | Saneamento

by g360noticias
Pesquisadoras criam estações descentralizadas de tratamento de esgoto | Saneamento

Quatro pós-graduandas do programa de engenharia civil e ambiental com foco em saneamento básico da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram, em 2022, um projeto de estações descentralizadas para tratar localmente o esgoto gerado por comunidades carentes e/ou de áreas de difícil acesso.

Cada módulo consegue tratar os dejetos gerados por 30 pessoas. “O esgoto é coletado e direcionado ao tanque séptico, onde começa o tratamento. O tanque séptico é enterrado e fechado, logo não há contato com o meio externo”, explica a engenheira Marcella Moretti Ferreira, uma das criadoras, ao lado das também engenheiras Thalita Lacerda dos Santos, Luiza Ostini Goehler e Gabriela Santos Cardozo.

Depois de pré-tratado, o esgoto vai por gravidade até um “wetland”, um solo molhado e com plantas, onde mais impurezas são removidas. O wetland atua como um filtro, terminando a purificação. Ao final, diz Moretti, tem-se uma água que pode ser descartada sem prejuízo ao meio ambiente e até mesmo encaminhada para reúso.

O projeto, batizado como What a Waste (Water)! — Que Desperdício (Água)!, em inglês — ganhou o segundo lugar na edição de 2022 do Geneva Challenge, um desafio global que estimula a elaboração de soluções interdisciplinares para problemas sociais que afetem, em maior ou menor grau, todo o planeta. “Tratamento de esgoto é algo que está diretamente associado à redução de doenças”, diz Goehler. “Consequentemente gera redução da demanda por serviços de saúde e um aumento da produtividade, da renda e até da escolaridade em comunidades pobres”, pontua, destacando ainda redução da desigualdade de gênero e a melhoria geral da qualidade de vida.

A ideia é também que haja participação de moradores, desde a escolha do local das wetlands até em aulas de educação ambiental e saneamento. “Nosso projeto foi pensado para ser feito pela comunidade e para a comunidade”, conta Cardozo. “As pessoas que participaram da instalação e operação serão capacitadas para que elas mesmas cuidem do funcionamento e da manutenção do sistema”, explica a engenheira.

Para Santos, a vitória no prêmio é uma comprovação da importância do investimento em ciência e educação de qualidade no Brasil. “As universidades públicas brasileiras têm a capacidade de gerar ciência e tecnologia que aprimorem a qualidade de vida da população”, defende.

Fonte: valor.globo.com