O opositor russo Alexei Navalny morreu na prisão, aos 47 anos, informaram as agências russas nesta sexta-feira. Em 11 de janeiro, ele apareceu em imagens pela primeira vez desde que foi transferido para uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, em dezembro. Na época, a equipe do crítico do Kremlin ficara três semanas sem notícias dele, e pouco se sabia sobre o estado de saúde do detento.
Nesta quarta-feira, ele participou via videoconferência de uma audiência da Suprema Corte, que ocorria em Moscou e avaliava as queixas do opositor às condições de sua detenção na Sibéria.
A colônia penal para a qual foi transferido, apelidada de “Lobo Polar”, é um estabelecimento herdado do Gulag soviético. Ao tribunal, Navalny disse que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos. “A cela de punição costuma ser um lugar muito frio”, afirmou ele. “Você sabe por que as pessoas escolhem um jornal lá [um dos itens que podem receber na cela]? Para se cobrirem. Porque com um jornal, posso dizer a vocês, juízes, é muito mais quente dormir, por exemplo, do que sem ele. E então você precisa de um jornal para não congelar.”
Navalny também se queixou do limite de tempo para fazer as refeições. “É impossível comer em 10 minutos”, relatou à Corte. “Se você comer todos os dias em 10 minutos, [fazer] esta refeição se tornará um processo bastante complexo.”
Apesar das queixas, Navalny parecia estar de bom humor. Ele chegou a brincar, durante a audiência, que ainda não havia recebido nenhuma correspondência de Natal por estar “muito longe”.
A meses da eleição presidencial no país, Navalny foi levado para a colônia penal número 3, na localidade de Kharp, anunciou a porta-voz do ativista, Kira Yarmish, na rede social X (antigo Twitter), na última semana de dezembro. Na ocasião, Navalny disse estar “bem”. A viagem até sua nova prisão durou 20 dias e foi “bastante cansativa”, declarou ele na rede X. Até o início de dezembro, ele estava detido na colônia da região de Vladimir, a 250 quilômetros de Moscou.
Navalny, um ativista anticorrupção e um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin, cumpria pena de 19 anos de prisão por “extremismo”. Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, depois de se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin.