A Prefeitura de Anápolis anunciou a realocação dos vendedores ambulantes que atuam no Centro da cidade em um prazo de até 60 dias, provocando reações contrárias entre trabalhadores e parlamentares. A medida tem sido alvo de críticas devido à falta de planejamento e diálogo com os envolvidos, além da incerteza sobre o destino final dos camelôs. Para debater a questão, o vereador Rimet Jules (PT) convocou uma audiência pública para a próxima sexta-feira (21), reunindo ambulantes, representantes da gestão municipal e demais órgãos.
A decisão foi comunicada durante uma reunião realizada na última quinta-feira (14), no Teatro Municipal, com a presença de um representante do Executivo. No encontro, os trabalhadores foram informados sobre a necessidade de desocupar as ruas em que atuam. Entre as alternativas discutidas de forma vaga, está a transferência para a frente da Estação Ferroviária, na Praça Americano do Brasil, região central da cidade. O local, porém, já havia sido desocupado anteriormente em uma tentativa de evitar o comércio informal.
Para os ambulantes, a medida representa um grave risco à subsistência de centenas de famílias. Ricardo Oliveira, vendedor há 30 anos nas ruas de Anápolis, expressou sua preocupação com a falta de um plano concreto. “Somos pais de família e dependemos desse trabalho. Nos informaram sobre a possibilidade de ir para a Estação Ferroviária, mas esse local já foi esvaziado antes. O que garante que não seremos removidos novamente? Precisamos de uma resposta clara do prefeito”, declarou. Segundo ele, cerca de 200 vendedores serão diretamente afetados.
O vereador Rimet Jules classificou a decisão como “improvisada e desumana”, argumentando que a Prefeitura deveria apresentar um planejamento estruturado antes de determinar a remoção. “Se existem irregularidades, elas devem ser analisadas individualmente. O que não pode ocorrer é essa retirada sem que haja uma solução realista para essas pessoas, que dependem desse trabalho para sobreviver”, afirmou.
Para tentar intermediar o impasse, Rimet notificou o Ministério Público, buscando abrir um canal de diálogo entre os ambulantes e a gestão municipal. Ele também criticou a falta de transparência na proposta de revitalização do Centro, que justificaria a retirada dos vendedores, mas ainda não teve edital lançado. “O Centro enfrenta diversos problemas estruturais que precisam ser debatidos com a população. No entanto, a primeira ação da Prefeitura é retirar trabalhadores sem planejamento adequado? Isso não é revitalização, é descaso”, disse.
Revitalização e Promessa de Campanha
A revitalização do Centro de Anápolis é uma promessa de campanha do prefeito Márcio Corrêa (PL). O edital para o projeto estava previsto para ser lançado no dia 11 de março, mas houve adiamento. Entre as reivindicações do setor produtivo formal, representado por entidades como Acia e CDL, está a retirada dos ambulantes das ruas.
Desde o início de sua gestão, o prefeito delegou ao coronel da Polícia Militar, Marcos Vinícius Batista, a responsabilidade de planejar a realocação dos ambulantes. A proposta provisória é deslocá-los para a Estação Ferroviária, liberando as calçadas e frentes das lojas. A presença dos trabalhadores informais nas vias públicas tem sido alvo de reclamações recorrentes por parte dos lojistas, que pedem espaço livre para a circulação dos clientes.
A polêmica em torno da realocação dos ambulantes evidencia a necessidade de um planejamento mais transparente e inclusivo, garantindo que nenhuma das partes envolvidas seja prejudicada no processo de transformação do Centro de Anápolis.