Contrato entre Prefeitura de Goiânia e Sesi enfrenta resistência na Câmara Municipal

by g360noticias

Ao longo de abril, os acordos firmados pela prefeitura com entidades privadas têm dominado as discussões no Plenário da Câmara Municipal de Goiânia. Entre os temas mais criticados pela oposição estão a adesão à ata da Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET), no valor de R$ 167,24 milhões, para serviços de fiscalização viária, e a contratação, sem licitação, de um escritório de advocacia pela Comurg, orçada em R$ 1,4 milhão. Mais recentemente, o convênio de R$ 9 milhões entre a administração municipal e o Serviço Social da Indústria (Sesi) também começou a ser questionado, especialmente após surgirem denúncias envolvendo a conduta de peritos da instituição
O contrato de R$ 9 milhões firmado entre a Prefeitura de Goiânia e o Serviço Social da Indústria (Sesi) para a realização de perícias médicas na Junta Médica Municipal tem gerado controvérsias e enfrentado resistência na Câmara Municipal. O acordo, celebrado sem licitação em março deste ano, tornou-se alvo de críticas por parte de vereadores e representantes sindicais, que questionam a legalidade e a eficácia da terceirização dos serviços públicos de saúde.

Audiência pública e denúncias

Na última quarta-feira (23), uma audiência pública foi realizada na Câmara Municipal para discutir o contrato e as ações do Sesi na Junta Médica. Durante o evento, vereadores expressaram preocupações sobre a possibilidade de precarização do serviço devido à falta de investimentos na unidade e relataram denúncias de assédio moral por parte da equipe da empresa contratada.

A servidora da Secretaria de Educação, identificada como Kênia, relatou ter sido desrespeitada durante uma perícia médica realizada pelo Sesi, mencionando atitudes de desdém e escárnio por parte dos peritos. Em resposta, o secretário municipal de Administração, Celso Dellalibera, pediu desculpas em nome da gestão e afirmou que acompanhará o caso pessoalmente para garantir um tratamento mais humanizado.

Críticas à terceirização

Vereadores como Geverson Abel (Republicanos) e Dr. Gustavo (Agir) questionaram a natureza do contrato com o Sesi, sugerindo que os recursos poderiam ter sido utilizados para fortalecer o serviço público existente. O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Eduardo Santana, também criticou a transferência de responsabilidades do Estado para organizações não governamentais, alertando para o risco de desmonte das atividades públicas.

Justificativas da prefeitura

O secretário Celso Dellalibera defendeu o contrato, argumentando que a parceria com o Sesi visa fortalecer a atuação da prefeitura na área de saúde. Ele destacou que, entre 2019 e 2024, foram submetidos mais de 26 mil atestados médicos com pedidos de afastamento, dos quais cerca de 8,5 mil ainda aguardam avaliação. Segundo Dellalibera, esse acúmulo prejudica tanto os servidores quanto o orçamento municipal, que registrou um custo de R$ 6,4 milhões apenas em março devido a licenças médicas.

A Prefeitura de Goiânia afirmou que acompanha a execução do contrato com o Sesi por meio de gestores e fiscais designados, além de disponibilizar canais oficiais da Ouvidoria Municipal para denúncias e reclamações. A administração municipal reiterou seu compromisso com os princípios da transparência e da boa administração pública.

Contexto mais amplo

Este contrato se insere em um contexto mais amplo de contratações sem licitação pela Prefeitura de Goiânia, que tem sido alvo de críticas e investigações. Em setembro de 2024, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) suspendeu um convênio de R$ 10 milhões entre a prefeitura e a empresa União Mais Saúde, após identificar indícios de irregularidades, como a falta de especificação clara do objeto do convênio e deficiências na documentação da planilha de custeio.

Diante das controvérsias, o contrato entre a Prefeitura de Goiânia e o Sesi continuará sendo objeto de debates e análises na Câmara Municipal, com possíveis desdobramentos legais e administrativos nos próximos meses.