Dólar fecha perto da estabilidade após dados fracos nos EUA | Finanças

by g360noticias
Dólar fecha perto da estabilidade após dados fracos nos EUA | Finanças

O dólar à vista fechou perto da estabilidade, com pequena depreciação, influenciado pelo movimento externo da moeda americana. Hoje, os dados mais fracos dos Estados Unidos ajudaram a manter os rendimentos dos títulos do Tesouro americano em queda e mantiveram o dólar fraco frente à maioria das moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor.

Terminadas as negociações, o dólar comercial fechou em queda de 0,07%, cotado a R$ 4,9680, depois de ter tocado a mínima de R$ 4,9574 e encostado na máxima de R$ 4,9830. Perto das 17h20, o dólar futuro para março exibia queda de 0,01%, a R$ 4,9750. No exterior, o índice DXY recuava 0,40%, aos 104,301 pontos. Das 33 moedas mais líquidas acompanhadas, 29 avançavam contra o dólar.

Hoje pela manhã, dados do varejo e da indústria americana mostraram que o consumo e a atividade industrial no país perdeu força. O economista-chefe de internacional do banco ING, James Knightley, diz em nota que embora os números tenham vindo muito mais fracos do que o esperado, os níveis do fim de 2023 foram fortes. “A perspetiva continua a ser a de uma história de crescimento mais fraco”, informa em nota. “A fraca atividade industrial e de consumo não é uma boa notícia, mas, de forma algo contra-intuitiva, a força observada em novembro e dezembro ainda ajudará a proporcionar um crescimento trimestral decente do PIB anualizado de cerca de 2%”.

Ainda que o dólar tenha se firmado em queda no exterior e os rendimentos dos títulos recuassem, ambos se distanciaram das mínimas do dia. O que ajudou a explicar uma falta de confiança na perda de força da economia americana foram os dados de seguro-desemprego nos EUA. Apesar de os pedidos iniciais do benefício na semana passada terem ficado aquém do esperado, a média móvel de quatro semanas subiu para 218,5 mil, a mais alta desde o começo de dezembro. Já os pedidos contínuos também se mantiveram em patamar elevado.

Para Gabriel Fongaro, economista sênior do Julius Baer Brasil, os dados americanos do começo deste ano mostram que o momento exige mais paciência e atenção na divulgação dos indicadores. “A desaceleração econômica ainda não está tão clara nos Estados Unidos, o que não dá tanta confiança sobre a velocidade da desinflação no país”, diz.

Apesar dessa incerteza sobre o que vai ocorrer nos EUA, Fongaro diz que a grande correção das expectativas em torno da política do Fed já foi feita no começo deste ano. “O que está precificado hoje na curva de juros americana é algo próximo do que temos como cenário aqui. Se estivermos certo, o mercado ainda deve tirar um pouquinho dos cortes [de juros] para este ano”, diz. “Então, ajustes já foram feitos e não vimos uma grande depreciação do câmbio brasileiro. Por isso, mesmo que ocorra um ajuste adicional, não creio que o real deva se desvalorizar muito mais.” O Julius Baer Brasil projeta o câmbio a R$ 5,00 por dólar no fim de 2024.

Ainda na leitura do economista, as dúvidas sobre os próximos passos do Fed não devem impedir que o Banco Central por aqui continue no seu ritmo de cortes, levando a Selic até 9% no fim do ciclo. “Até esse patamar, o BC não está preocupado com o diferencial de juros. Até porque ele não tem uma meta de câmbio. A preocupação mesmo seria se houvesse uma desvalorização continuada, que impactaria a inflação no horizonte relevante para o Banco Central”, explica, acrescentando que, mesmo com a Selic a 9%, o Brasil ainda terá uma taxa de juros elevada.

Fonte: valor.globo.com