A coordenadora de pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Adriana Beringuy, classificou como estabilidade o movimento do desemprego neste início de ano, que reflete a tendência sazonal desta época, quando há dispensa de trabalhadores. A ocupação, no entanto, avançou, o que não costuma ocorrer nesta época do ano.
A taxa de desemprego ficou em 7,6% no trimestre encerrado em janeiro, ante 7,6% no trimestre imediatamente anterior, findo em outubro, e 7,4% naquele concluído em dezembro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) Contínua. A taxa foi também a menor para o período desde 2015 (6,9%) e 0,8 ponto percentual abaixo da taxa de 8,4% de igual período de 2023.
“Há uma tendência sazonal. Em alguns anos, essa sazonalidade pode ser maior, ou menor. Nessa entrada do ano de 2024, o que a gente percebe é uma estabilidade, justamente porque a população desocupada não teve expansão tão significativa nesse trimestre encerrado em janeiro de 2024”, disse ela.
O IBGE faz as comparações das taxas sempre com o trimestre imediatamente anterior, que neste caso é aquele encerrado em outubro, e não considera a comparação com o trimestre que termina no mês anterior – o concluído em dezembro.
Isso porque, segundo o instituto, haveria sobreposição de meses nos dois períodos de comparação – o resultado até dezembro contempla os meses de outubro/novembro/dezembro e o do trimestre móvel até janeiro inclui novembro/dezembro/janeiro.
Contratações de fim de ano
Tradicionalmente, há dispensa de trabalhadores no início do ano, com foco naqueles que foram contratados de forma temporária para o Natal. O resultado do trimestre móvel até janeiro, no entanto, destacou Beringuy, ainda tem influência do fim de 2023.
“Apenas um terço dessa virada de ano está representada neste trimestre móvel. Parte importante do resultado ainda tem influência do resultado do fim de 2023 (novembro e dezembro) e o início de 2024 (janeiro). É possível, sim, que um eventual processo de dispensa não tenha sido verificado”, disse.
Outro fator de destaque no resultado, segundo Beringuy, foi o aumento do pessoal ocupado, de 0,4% ou 387 mil pessoas, frente ao trimestre anterior, que historicamente não costuma ocorrer neste trimestre. O número de trabalhadores ocupados alcançou 100,593 milhões no trimestre encerrado em janeiro, que é o maior já alcançado na série histórica da pesquisa para os chamados trimestres comparáveis.
Nesta análise, ela exclui os anos de 2021 e 2022, em que “ocupação viveu momento excepcional, de recuperação das perdas de 2020”, o primeiro ano da pandemia.