Ex-assessor para assuntos internacionais do governo Jair Bolsonaro, Filipe Martins abdicou do direito ao silêncio e prestou esclarecimentos à Polícia Federal. De acordo com fontes a par do caso, ele negou que tenha auxiliado na redação da chamada “minuta do golpe“.
Aos investigadores, ele afirmou que não teve envolvimento na elaboração de qualquer documento que previsse a prisão de autoridades ou a subversão ao regime democrático. Martins também negou ter participado de reuniões com pauta de cunho golpista, segundo apurou o Valor.
Ouvido hoje pela PF do Paraná, Martins também disse que não viajou no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022 rumo aos Estados Unidos – a possível fuga foi um dos argumentos para a prisão. Fontes afirmam que ele declarou à PF que sempre esteve em local certo e sabido, tanto que foi preso em sua casa.
O ex-assessor foi preso em 8 de fevereiro, suspeito de participação em uma tentativa de golpe de Estado no país e continua detido. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foi ele quem entregou a Bolsonaro a minuta de decreto que sugeria a prisão de ministros do STF por “supostas interferências” do Judiciário no Poder Executivo.
A PGR afirmou, ainda, que Bolsonaro teria solicitado a Martins alterações no texto – dias depois, o ex-assessor se dirigiu ao Palácio da Alvorada com a ordem cumprida. O ex-presidente teria apresentado essa nova versão do documento às Forças Armadas, com o objetivo de convencê-los a aderir ao golpe.
Em nota, a defesa de Martins afirmou que o depoimento, “como era de se esperar, foi claro e objetivo”, mas não deu detalhes do conteúdo. Os advogados João Vinícius Manssur, William Janssen e Ricardo Scheffer dizem aguardar a revogação da prisão preventiva. “Temos confiança que uma análise sóbria e técnica levará à sua colocação em liberdade”, diz o texto.