Indicadores sociais de Goiás mostram avanços expressivos, mas revelam desafios persistentes

by g360noticias

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última edição da Síntese de Indicadores Sociais, um panorama detalhado das condições de vida da população brasileira, com dados atualizados de 2023. Em Goiás, os números mostram avanços significativos em diversas áreas sociais, ainda que persistam desigualdades e desafios estruturais.

Com uma população estimada em 7,39 milhões de habitantes, o estado de Goiás registra 1,3% de sua população na linha da extrema pobreza e 18,4% na pobreza, segundo critérios do Banco Mundial — o que equivale a rendas mensais de até R$ 208 e R$ 662, respectivamente, considerando a paridade de poder de compra.

A taxa de extrema pobreza no estado é a segunda mais baixa do Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Já a taxa de pobreza coloca Goiás na sétima melhor posição nacional, com índices mais baixos que os observados em estados como Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em números absolutos, cerca de 1,35 milhão de goianos ainda vivem em situação de pobreza.

Os dados de 2023 apontam melhorias importantes em relação ao ano anterior. O número de pessoas em extrema pobreza no estado caiu pela metade, enquanto a taxa de pobreza recuou quase 20%. Essa tendência positiva acompanha o cenário nacional, que apresentou seu melhor desempenho desde 2012: 27 em cada 100 brasileiros estavam na linha da pobreza em 2023.

A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE é publicada anualmente e analisa diversas dimensões, como estrutura econômica, mercado de trabalho, padrão de vida, moradia, educação e saúde. Os dados são apresentados em tabelas detalhadas, incluindo, por exemplo, a proporção de médicos por habitante, entre outras estatísticas relevantes.

Educação: avanços no ensino e combate ao analfabetismo

Entre os indicadores educacionais, destaca-se o percentual de jovens entre 18 e 29 anos com pelo menos 12 anos de estudo — equivalente ao ensino médio completo. Em Goiás, essa proporção chega a 75%, o quinto melhor resultado do Brasil. No contexto nacional, a média é de 73%. Já em São Paulo e no Distrito Federal, os índices chegam a 82%.

Na Assembleia Legislativa de Goiás, iniciativas buscam fomentar o acesso ao ensino superior. O deputado Antônio Gomide (PT) propôs o projeto de lei nº 9975/24, que institui a Semana de Incentivo ao Acesso ao Ensino Superior. A proposta prevê a realização de seminários, palestras e encontros com foco na valorização da educação, mostrando aos estudantes as vantagens de prolongar os estudos e as oportunidades de qualificação profissional.

A proposta também orienta sobre as diversas modalidades de financiamento estudantil, públicas e privadas, e sobre bolsas de estudo, visando ampliar o acesso e a permanência no ensino superior.

Já no combate ao analfabetismo, Goiás apresenta taxa de 4,0% entre pessoas com 15 anos ou mais, o sétimo melhor índice do país. No entanto, ainda há disparidades regionais profundas: em nove estados do Norte e Nordeste, a taxa ultrapassa os 10%.

Entre as propostas voltadas à redução do analfabetismo, o deputado José Machado (PSDB) apresentou o projeto nº 1662/25, que assegura prioridade de matrícula às pessoas idosas na rede pública de ensino que ofereça Educação de Jovens e Adultos (EJA). A medida visa atender especialmente a população com maior incidência de analfabetismo — entre os idosos, a taxa chega a 20% tanto em Goiás quanto no Brasil.

Além do aspecto educacional, a proposta reconhece os impactos positivos da alfabetização na terceira idade, como o estímulo cognitivo, a prevenção de doenças neurodegenerativas, o fortalecimento da autonomia e da autoestima, e o combate ao isolamento social.

Mercado de trabalho: Goiás tem uma das menores taxas de desocupação

A taxa de desocupação da população com 14 anos ou mais em Goiás foi de 5,8% em 2023, a décima menor do país e inferior à média nacional, de 7,8%. No entanto, o índice varia significativamente conforme a região do estado.

A maior taxa foi registrada na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), com 10,7%. No restante do estado, os números são mais baixos: 5,4% no Centro-Oeste goiano; 5,3% na Região Metropolitana de Goiânia; 4,8% em Goiânia; 4,2% no Norte; e 4,0% no Sul do estado.

Diversos projetos em tramitação na Assembleia Legislativa buscam promover a empregabilidade entre jovens, pessoas com deficiência, população trans, profissionais de saúde e trabalhadores em início de carreira. As iniciativas incluem políticas de primeiro emprego e programas específicos para diferentes segmentos da população.

Acesso à internet: direito à comunicação se consolida

A proporção de domicílios com acesso à internet em Goiás alcançou 95,7%, terceiro melhor índice entre as unidades da Federação, consolidando o estado como referência no direito à comunicação digital.

No Legislativo estadual, tramitam propostas que visam tanto à expansão da cobertura quanto à melhoria da qualidade do serviço. O deputado Mauro Rubem (PT) propõe uma alteração na Lei Complementar nº 139/2018 para garantir cobertura móvel 4G em toda a Região Metropolitana de Goiânia (processo nº 3210/25). Já José Machado (PSDB) apresentou o projeto nº 26071/24, que exige das operadoras a inclusão, nas faturas mensais, de gráficos com a média diária de velocidade de envio e recebimento de dados, proporcionando mais transparência aos consumidores.

Saúde e qualidade de vida

Entre os indicadores sobre condições de vida, o IBGE destaca o acesso a bens duráveis e equipamentos de saúde. Em Goiás, 81 em cada 100 domicílios possuem máquina de lavar roupa, percentual superior à média nacional (71%) e o décimo maior do Brasil. O dado é relevante, segundo o instituto, por indicar alívio nas tarefas domésticas, geralmente atribuídas às mulheres.

Outro dado de destaque é a disponibilidade de tomógrafos: Goiás conta com mais de quatro equipamentos por 100 mil habitantes, o terceiro melhor índice do país. Esses aparelhos são essenciais para o diagnóstico e tratamento de condições como AVCs, aneurismas, pneumonias e cânceres.

Parte desse avanço se deve às emendas parlamentares impositivas, que obrigatoriamente destinam recursos para a saúde. Um exemplo é a aquisição de tomógrafo pela Santa Casa de Anápolis, com verbas devolvidas pela Assembleia Legislativa ao Governo do Estado.

Saneamento básico: cobertura ainda é desafio

Apesar dos avanços em outras áreas, Goiás ainda apresenta desempenho abaixo da média nacional no quesito esgotamento sanitário. Apenas 59% dos domicílios estão conectados a redes coletoras ou pluviais, ante 68% no país.

Na atual legislatura, parlamentares apresentaram 24 requerimentos solicitando a ampliação da rede de esgoto em bairros específicos. Embora os requerimentos não tenham força de lei, eles formalizam as demandas junto às prefeituras, cobrando providências das administrações municipais.