O investimento das reservas internacionais registrou rentabilidade de 5,11% em 2023 contra um resultado negativo de 7,45% em 2022. O ganho decorrente da marcação a mercado com juros foi de 4,67% e sobre variações de paridades de moedas foi de 0,44%. A informação consta no Relatório de Gestão das Reservas Internacionais referente a 2023, divulgado hoje.
O relatório aponta que durante o ano passado, a curva de juros soberanos nos Estados Unidos registrou “significativas flutuações”. Assim os valores com prazos relevantes para as reservas fecharam 2023 em níveis levemente abaixo do início do ano, “com impacto positivo no retorno das reservas”. Além disso, a “pequena depreciação” do dólar frente a outras moedas contribuiu para o resultado positivo, “ainda que em menor escala” do que os juros, segundo o documento.
“O alto nível de juros ao longo do ano, por sua vez, levou a relevante ganho com carregamento, responsável pela parte mais significativa do resultado”, diz o relatório.
A rentabilidade acumulada das reservas entre janeiro de 2019 e dezembro do ano passado foi de 6,48%.
O documento também aponta que o risco médio das reservas internacionais caiu de 6,6% em 2022 para 6,1% em 2023. O Value At Risk (VaR) abrage os fatores de risco de mercado e, segundo o Relatório de Gestão das Reservas Internacionais referente a 2023, divulgado nesta quarta-feira, está próximo ao que foi verificado durante a crise financeira global em 2008.
Segundo o relatório, o componente de juros do VaR diminuiu de 5,3% em 2022 para 5% no ano passado. A avaliação é de que houve uma “queda da volatilidade das taxas de juros nos mercados de renda fixa nos quais há investimentos das reservas internacionais”.
Já o componente de moedas teve queda de 2,2% para 1,7%. “Como a alocação não mudou significativamente, este valor também se explica por um pequeno recuo na volatilidade das demais moedas contra o dólar comparativamente ao ano anterior”, diz o relatório.
Entre 2022 e 2023 o risco de liquidez diminuiu, segundo o relatório. O risco de liquidez considera a média da diferença de preços entre as ofertas de compra e venda dos ativos nas carteiras de investimento. Sobre risco de crédito, o relatório anota que a distribuição média dos ativos mostra concentração nas contrapartes que tem classificação “Aaa” em 2023.
As reservas internacionais fecharam 2023 em US$ 355,03 bilhões, acima dos US$ 324,7 bilhões registrados em 2022.
A composição da cesta de moedas em 2023 ficou em 79,99% em dólar norte-americano, 5,24% em euro, 4,80% em renminbi, 3,58% em libra esterlina, 2,60% em ouro, 1,80% em iene, 1,01% em dólar canadense e 0,9% em dólar australiano. Segundo o BC, desde 2022 não houve variações significativas na composição.
A alocação de ativos pelo conceito caixa ficou em 86,57% em títulos governamentais; 4,13% em depósitos em bancos centrais e em organismos supranacionais; 2,60% em ouro; 1,38% em títulos de organismos supranacionais; 1,23% em títulos de agências; 1,28% em ETFs de Corporates; 1,13% em ETFs de índices de ações; 0,44% em depósitos em bancos comerciais; e 1,23% em outras classes de ativos, como títulos de governos locais.
A alocação estratégica das reservas considera diretrizes de características anticíclicas e que reduza a exposição a oscilações cambiais, “observados o apetite por riscos conservador do BC e os critérios de segurança, liquidez e rentabilidade, priorizados nessa ordem”.