fato de o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) ter colocado na pauta da próxima reunião a possível elevação temporária das alíquotas de importação de aço – hoje na faixa de 10,8% a 12,6% – para 25% indica o reconhecimento de que as importações de aço chinês estão provocando dano no mercado doméstico e gera expectativa positiva de implementação da medida reivindicada desde o ano passado pelas siderúrgicas instaladas no Brasil. A avaliação é do presidente da Usiminas, Marcelo Chara.
Em videoconferência para comentar os resultados da companhia no primeiro trimestre, o executivo mencionou “um parecer favorável” da Gecex, em linha com o pleito das usinas, porém sem fornecer mais detalhes. Conforme agenda da próxima reunião, o órgão vai analisar o pedido de inclusão de mais de uma dezena de NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) na lista de elevações tributárias temporárias por “desequilíbrios comerciais conjunturais”.
Essas NCMs representam laminados planos de aço inoxidável, barras de aço inoxidável, tubos, laminados planos de ferro ou aço, fios-máquinas de ferro ou aço, entre outros.
“É muito claro o dano provocado à indústria brasileira pelas importações subsidiadas. O parecer tem um tom bem claro e dá a expectativa positiva de que a situação possa se instrumentalizar o mais rapidamente possível”, afirmou Chara.
“Por enquanto, a preocupação é altíssima e a expectativa é que esse parecer mostre um grau de maturidade para equilibrar esse tipo de concorrência, que é absolutamente desleal”, acrescentou.
O presidente da Usiminas lembrou que diferentes mercados, como Estados Unidos, Europa e mais recentemente Chile, já adotaram medidas de proteção. “Confio que o Brasil, com este parecer técnico, possa evoluir em direção à racionalidade da competição”, disse.
De acordo com o vice-presidente comercial da siderúrgica, Miguel Homes, caso haja a adoção de alguma medida, a expectativa é de regularização das margens de toda a cadeia de valor mais adiante. Num primeiro momento, os elevados estoques de produtos, em muitos casos com preço abaixo do custo, terão de ser consumidos.
“O que poderia acontecer no curto prazo é a maior possibilidade de novos negócios serem atendidos com produção local”, afirmou. “À medida que a siderurgia local ganhe escala, as margens devem ir melhorando”.