Profissionais demitidos da UPA Alair Mafra cobram direitos trabalhistas na Câmara Municipal de Aparecida

by g360noticias

Enfermeiros e técnicos de enfermagem exonerados da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Alair Mafra de Andrade, localizada na Vila Esperança, compareceram à Câmara Municipal para reivindicar o pagamento de seus direitos trabalhistas. As demissões ocorreram durante o processo de transição da gestão da unidade, que passou da Organização Social (OS) Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) para a nova administradora, Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ). Os profissionais temem ficar no prejuízo diante do impasse.

A enfermeira Fernanda Uchoa, uma das representantes do grupo, denunciou que, desde as demissões, nenhum contato foi feito por parte da Prefeitura de Anápolis ou da antiga OS. “Estamos aqui não para buscar recontratação, mas sim o nosso acerto trabalhista. Nem a antiga OS, nem a Prefeitura se manifestaram. O prefeito Márcio Corrêa se comprometeu publicamente a garantir nosso acerto. Cadê esse compromisso? Ninguém nos procurou. Onde vamos ser atendidos? Onde vamos receber nosso pagamento? Não temos nenhuma resposta e, enquanto isso, precisamos honrar nossas contas”, desabafou.

Fernanda relembrou ainda que, após a operação realizada na última quinta-feira (20), que marcou a saída da INDSH com forte aparato policial, o prefeito prometeu que os profissionais que já atuavam na unidade seriam mantidos por pelo menos 30 dias, até que a nova OS pudesse se estabelecer. A promessa, no entanto, não foi cumprida. “Alguns colegas foram dispensados de imediato, e outros sequer foram recontratados. A justificativa foi de que nenhum funcionário vinculado à antiga OS permaneceria na UPA Alair Mafra”, relatou.

Apesar disso, segundo Fernanda, os cargos de chefia continuam ocupados pelas mesmas pessoas. “Coordenadores e supervisores seguem no comando, exercendo as mesmas funções e mantendo a postura autoritária: escolhem quem entra e quem sai da equipe, de acordo com seus interesses”, afirmou.

A técnica de enfermagem Dulcilene Diniz também manifestou indignação, ressaltando que houve uma redução drástica no número de profissionais atuando nas áreas críticas da unidade. Ela ainda denunciou que, para mascarar a superlotação, pacientes que antes ficavam nos corredores foram realocados para dentro das salas, agora ainda mais apertadas. “Agora está todo mundo em uma única sala, superlotada, sem qualquer espaço”, declarou.

Dulcilene criticou duramente a postura do prefeito e lamentou o que classificou como uma ação truculenta na UPA, que contou com presença ostensiva da polícia. “Nos sentimos intimidados. Foi uma cena desnecessária. E além disso, cobramos um posicionamento dos vereadores, que foram eleitos para nos representar. Em especial o vereador José Fernandes (MDB), que sempre foi uma voz ativa na área da saúde e hoje se cala. Ele é o ‘peito de ferro’ do prefeito, era a pessoa a quem recorríamos com nossas demandas por melhores condições de trabalho. A UPA está sobrecarregada, isso todo mundo sabe. É a única porta aberta na cidade”, criticou.

Redução do quadro e risco ao atendimento

De acordo com o grupo de profissionais desligados, a nova gestora, OS HMTJ, promoveu uma redução de 80% no quadro funcional da unidade. A medida já tem impactado negativamente o atendimento prestado à população. “Hoje, não há maqueiros nem copeiros. O setor de laboratório teve todos os funcionários dispensados. Na farmácia, restaram apenas uma auxiliar e uma farmacêutica”, informou Fernanda Uchoa.

A enfermeira ainda alertou para o risco de colapso na unidade caso não haja uma recomposição da equipe. “Se continuar assim, o atendimento só tende a piorar. A justificativa da nova OS é que, conforme o contrato firmado com a Prefeitura, o número de funcionários anteriormente era considerado excessivo. Por isso, estão realizando cortes para adequar à nova realidade orçamentária. Mas isso inviabiliza um atendimento de qualidade e compromete a assistência à população”, concluiu.