A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) convocou os prefeitos dos 246 municípios de Goiás para uma reunião virtual, que será realizada na quarta-feira, 7 de maio. O objetivo é apresentar e discutir o andamento do estudo conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para buscar uma solução regionalizada para o encerramento dos lixões e promover a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos. Na prática, o estudo deverá avaliar a viabilidade da terceirização de etapas de descarte, tratamento do lixo e manejo dos aterros sanitários.
No vídeo de convocação enviado aos gestores municipais, a secretária da Semad, Andreia Vulcanis, aparece ao lado dos prefeitos Zé Délio (Hidrolândia) e Paulo Vitor Avelar (Jaraguá) para destacar a importância do estudo que vem sendo elaborado. “Falaremos sobre o trabalho que está sendo realizado pelo BNDES no sentido de elaborar uma modelagem para implantação dessa gestão”, afirmou Vulcanis. Apesar da mobilização, a conclusão do estudo está prevista apenas para o primeiro semestre de 2026, conforme informou a secretaria.
Antes da convocação geral, a Semad realizou uma reunião restrita com os prefeitos Zé Délio e Paulo Vitor para debater o tema. A escolha por um encontro fechado gerou estranheza entre outros gestores e interessados na questão dos aterros, principalmente porque prefeitos de grandes municípios — alguns enfrentando sérias dificuldades com o descarte de resíduos — não foram convidados a participar.
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, foi um dos que souberam do encontro apenas quando ele já estava em andamento. Mabel, que enfrenta problemas relacionados à gestão do aterro sanitário da capital, criticou duramente a atuação da Semad e do Ministério Público de Goiás (MP-GO) após decisão judicial que interditou o aterro da cidade — decisão posteriormente revertida.
“A Semad não está sendo correta conosco. Realizamos uma reunião nos últimos dias, e expliquei por que essa decisão não é justa para Goiânia, considerando os decretos de calamidade financeira e de saúde em vigor. Essa atitude é desnecessária neste momento, demonstra falta de sensibilidade, e tem o apoio do MP e da Semad em benefício dos aterros privados. Pode ter certeza: nada é de graça para se fazer um movimento como esse”, afirmou o prefeito.
A assessoria de Sandro Mabel informou que a reunião do dia 7 ainda não consta na agenda oficial do prefeito. Mabel é contrário à terceirização do aterro sanitário e tem estudado alternativas de gestão, inclusive modelos internacionais. Em entrevistas recentes, reiterou que investir R$ 10 milhões por mês nesse serviço é, segundo suas palavras, “jogar dinheiro no lixo”.
Já o prefeito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela, confirmou à reportagem que recebeu o convite e que participará da reunião virtual. Desde a transição de governo, Vilela afirma manter diálogo contínuo com a Semad. Atualmente, a gestão do aterro sanitário público de Aparecida já é terceirizada. No entanto, a prefeitura busca mais tempo junto à Semad e ao MP para adequar o espaço e renovar a licença estadual, evitando a necessidade de recorrer a aterros privados. A atual administração está há menos de quatro meses no comando da cidade e ainda trabalha para atender às exigências ambientais.
Em março deste ano, o aterro de Aparecida foi alvo de embargo pela Semad. O município recebeu prazo de 60 dias para apresentar um plano de descomissionamento e de monitoramento do lixão embargado.
Prefeitos são chamados a participar
O prefeito Zé Délio esclareceu que a reunião de 7 de maio tratará da organização das microrregiões e da gestão compartilhada dos serviços de tratamento de resíduos sólidos. Ele destacou que todos os prefeitos estão sendo informados e convidados ao longo da semana.
“A reunião do dia 7 já foi convocada. Todos os prefeitos estão tomando ciência ao longo dessa semana. Já tem até um vídeo circulando convidando a todos. É uma reunião online, aberta para todo mundo, e os links já estão sendo enviados. Eu, como prefeito, já recebi o meu”, afirmou.
Zé Délio reforçou que, embora represente a Associação Goiana de Municípios (AGM), não é o organizador do encontro. “A reunião não sou eu que estou organizando. Eu represento a AGM, mas estão sendo convocados, sim, todos — sem distinção entre pequenos e grandes municípios”, pontuou.