Três dias após a confirmação da morte do ativista Alexey Navalny, sua mulher, a economista Yulia Navalnya, prometeu continuar com a luta do principal opositor de Vladimir Putin na Rússia na busca por um país mais livre, mesmo que isso não fosse sua vontade anos atrás.
Em um vídeo publicado nesta segunda-feira (19) nas redes sociais, Navalnya prometeu “dar continuidade ao trabalho de Alexei Navalny” e disse que busca viver em uma “Rússia livre”.
“Eu convoco vocês a ficarem ao meu lado. A compartilharem não apenas o luto e a dor interminável […] Peço que compartilhem comigo a raiva. A fúria, a indignação, o ódio por aqueles que ousam matar o nosso futuro”, disse Navalnya no vídeo, marcando uma mudança de postura da economista – que por anos evitou os holofotes, mas acabou sendo arrastada para eles como forma de tentar proteger seu marido.
O relacionamento entre Yulia e Alexei começou em 1998, quando se conheceram durante férias na Turquia. No início do casamento, Navalnya era economista recém-formada pela Universidade de Economia Plekhanov enquanto seu marido iniciava carreira na advocacia. Em comum tinham a visão política, com ambos membros do partido liberal Yabloko. Porém, enquanto Navalny começava a carreira política, sua mulher sempre ressaltava que buscava viver uma vida privada para cuidar dos dois filhos do casal, longe da política.
Navalnya sempre insistia durante entrevistas que não queria entrar na política, e chegou a dizer em entrevista no ano passado para a revista alemã “Der Spiegel” que não achava que devia “brincar” com a ideia de entrar na política, porém mudou de postura após a morte do marido.
“Eu sei que parece impossível, mas precisamos nos unir e golpear este regime enlouquecido, Putin, seus amigos e seus bandidos fardados, esses ladrões e assassinos que têm prejudicado nosso país”, disse Navalnya no vídeo publicado nesta segunda-feira (19).
A grande virada na vida de Navalnya aconteceu em 2020, quando seu marido foi envenenado na Rússia por agente químico usado nos tempos de União Soviética.
Após ficar doente, Navalny foi levado para a cidade de Omsk, na Sibéria, onde sua mulher acusou os médicos locais de negligência, dizendo que eles estavam atrasando o tratamento para tentar matá-lo ou acabar com resquícios da substância no organismo do ativista.